Mobile Learning
novembro 25, 2011 § 1 comentário
PEQUENA INTRODUÇÃO
Antes de começarmos a “conversa” a respeito de mobile learning, vale a pena a gente falar um pouco a respeito de como funciona a nossa “cabeça”. Para inicio de conversa, mobile learning não está ligado a ensinar, está ligado a aumentar a possibilidade de aprender. Isso não é mero “jogo” de palavras.
Para explicar melhor, é aí que entra a necessidade de falar um pouco da nossa “cabeça”. O cérebro é muito bom em encontrar padrões, relativamente bom em monitorar execução e péssimo em operação de rotina. É nessa hora (da rotina) que a gente comete erros. Isso acontece porque não somos muito bons em lembrar de pedaços de informações de maneira arbitrária. Quem nunca tentou lembrar do nome daquele ator, que fez aquele filme, sobre naufrágio… qual o nome mesmo?
Então m-learning (para ficar mais simples) é muito bom para nos ajudar a fazer melhor o que o nosso cérebro faz mal. Ele ajuda a aumentar o aprendizado (e a nossa performance). Quem já teve a oportunidade de usar o smartphone no meio daquela conversa do bar para “lembrar” que o nome do ator do tal filme é Tom Hanks pode atestar isto.
Aparelhos digitais podem ser programados e usados para “lembrar” informações arbitrárias e responder de acordo com o “input” dado, de maneira segura, todas as vezes em que são acionados. Isso é uma grande vantagem.
WEB TRADICIONAL X MOBILE
Será então que para começar a usar o m-learning, basta adaptar o e-learning para o celular?
Não é bem assim. Lembre que a grande vantagem é aumentar o aprendizado. Pode até ser usado eventualmente como meio de entrega de aprendizado, mas a maior oportunidade gerada pelo mobile está em outro lugar. Estimular a colaboração no aprendizado, melhorar o acesso a consulta e levar dicas para melhorar a performance.
A mobilidade permite levar informação importante na hora em que a pessoa mais precisa dela.
Para ajudar a “clarear as idéias”, nada melhor do que exemplos do que tem sido feito.
O QUE ROLA POR AÍ…
O primeiro exemplo vem da Casa Branca, um dos gabinetes do Obama, que cuida de ciência e tecnologia, lançou um programa chamado Text4Baby, algo como “torpedo para bebê”. Nesse programa, futuras mamães podem se cadastrar para receber gratuitamente mensagens de texto no celular a cada semana de gestação, com dicas importantes para cuidar da saúde e do desenvolvimento do bebê referentes à semana de gestação em que ela se encontra. Fez tanto sucesso, que hoje o programa engloba também o primeiro ano de vida da criança.
Outro exemplo que também vêm dos EUA é da empresa SuddenLink, provedora de TV digital e internet. Cada um dos seus técnicos tem um smartphone com acesso à LMS da empresa. Quando está na casa do cliente, o técnico pode acessar o desenho esquemático de cada equipamento com as indicações de como montá-lo (com a opção de ajuda por voz durante o procedimento).
No Brasil, os maiores exemplos do uso do m-learning estão no meio acadêmico, mas em aplicações localizadas. São cursos de apoio para pós-graduações, com alertas em SMS para participação em conferências ou fórum via SMS para compartilhamento de idéias. Nacionalmente, ainda temos muita possibilidade para explorar.
QUAL O FUTURO DISSO TUDO?
Pesquisas mostram que o uso de internet móvel veio para ficar. Uma famosa feita pelo centro de pesquisa americano Educause, mostra que de 2008 para 2010 o número de estudantes que acessam a internet diariamente via seus celulares saltou de 10% para 43%. São 4 vezes mais pessoas dispostas a checar e relembrar informações de maneira móvel.
Downloads crescentes em apps stores mostram que aplicativos educacionais podem ser um caminho natural para o m-learning.
O ideal é começar com algum programa piloto. Não é necessário ter toda uma estratégia de mobile learning desenhada. A vantagem é que se pode começar aos poucos e ir incluíndo módulos ou funcionalidades de acordo com a necessidade.
O QUE FAZER DE CONCRETO?
Existe uma gama grande de possibilidades. Novamente, a melhor maneira de apresentá-las é via exemplos do que tem sido feito, mesmo porque não existe uma visão muito claro na cabeça da maioria das pessoas envolvidas em educação de uma forma geral do que é m-learning.
O que percebi de concreto dos exemplos que descreverei a seguir foi uma série de perguntas que cada organização fez e respondeu antes de colocar em prática a sua sugestão. São elas:
- Qual a necessidade?
- Por que mobile learning pode ajudar?
- Como pode ser feito?
- Qual benefício?
O primeiro exemplo se refere ao m-learning como forma de “aumentar o aprendizado”.
Foi implementado pela empresa de telecomunicações T-Mobile USA. Precisavam apresentar para lojas parceiras a nova estrutura definida de comissionamento. Usaram o m-learning porque os parceiros já possuíam aparelhos celulares.
A solução: ao final de um módulo de treinamento e-learning, o parceiro clicava em um link, incluía o seu número de celular e recebia o modelo da estrutura de comissionamento em seu próprio aparelho.
O segundo exemplo envolve o que vem sendo chamada de “entrega flexível” proporcionada pelo m-learning.
Foi implementado pelo Departamento de Defesa dos EUA em uma agência deles chamada BAA, que cuida de divulgação de informações. Precisavam de um sistema que enviasse imediatamente documentos de tarefas para as equipes de campo espalhadas em bases americanas no mundo todo. As informações eram muito variadas, indo desde informações de manutenção, passando por informações a respeito de novos procedimentos e chegando até aviso de passagem aérea emitida.
A solução: Foi desenvolvido um sistema e um aplicativo para celular que basicamente transforma qualquer tipo de documento (.doc, .pdf, .ppt) em um anexo que pode ser acessado via celular com acesso à internet. É preciso preencher no sistema algumas informações padrões, como descrição, remetente, destinatário e contexto da informação, que o destinatário recebe o aviso e acessa o que foi enviado direto no seu aplicativo.
O terceiro exemplo é o uso do m-learning como “apoio a um aprendizado formal”. Foi desenvolvido pela Kauffman Foundation, que é uma das maiores organizações do mundo voltada ao estímulo do empreendedorismo. O projeto em que estavam envolvidos consistia em melhorar o aprendizado de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (também conhecida pela sigla em inglês STEM) para crianças e jovens.
A solução: Foi criado um quiz via SMS relacionando os conceitos que deveriam ser passados a eventos esportivos (em especial futebol e baseball). Os usuários faziam um cadastro em um site criado para o projeto e recebiam perguntas. A cada resposta, recebiam um pequeno texto explicativo da resposta correta.
São pequenos exemplos que mostram que ao invés de uma solução fechada, o m-learning permite uma boa adaptação de acordo com a necessidade. Mas podemos perceber que as soluções sempre ocorreram como apoio informativo ou de reforço a algum outro tipo de atividade. Daí vem a constatação de que é uma ótima ferramenta para ser usada em aumento de aprendizado ou consulta.
ALGUMAS DICAS PARA COLOCAR EM PRÁTICA
Durante o tempo em que fiquei estudando o assunto, aprendi algumas recomendações para quem quer implementar a estratégia, que valem a pena compartilhar. Vamos a elas:
Tente simplificar no início: Não é necessário desenvolver inicialmente uma plataforma de m-learning, é possível alcançar um bom resultado com um projeto baseado em navegação web via browser do celular.
Não “venda” apenas como treinamento: Se der muita ênfase no aspecto treinamento via celular, pode ser difícil convencer a liderança da importância da ferramenta. Celulares e dispositivos móveis (handhelds) são muito bons em melhorar a produtividade e aumentar a eficiência de um funcionário (usados adequadamente), o aprendizado deve ser visto como uma adição ao uso do equipamento.
Vá aos poucos: Não é preciso desenvolver uma solução completa em m-learning desde o início. Comece por projetos pilotos, meça os resultados e vá acrescentando inovações e melhorias ao longo do caminho.
Levante os benefícios: Coloque na balança todos os pontos que fazem da solução de aprendizado móvel uma melhor opção em comparação com um e-learning tradicional.O mobile learning pode não ser a melhor opção em todos os casos.
A minha intenção com este texto foi apresentar mais uma opção de ferramenta de aprendizado. Que equipamentos móveis fazem parte do estilo de vida da maioria das pessoas hoje, não há a menor dúvida.
Usá-los para estimular algum tipo de aprendizado, neste contexto, é até um caminho previsível. O grande desafio, na minha opinião, é não cair na tendencia natural de usar uma nova tecnologia com base no funcionamento de uma tecnologia anterior. O exemplo clássico disso são as primeiras filmadoras, que não passavam de máquinas fotográficas mais rápidas.
O que quero dizer, é que o m-learning não deve ser visto apenas como um e-learning móvel e sim como uma ferramenta que pode levar o aprendizado para fora de uma tela de desktop ou notebook e para horários não convencionais (como por exemplo, a ida ou a volta ao trabalho). O que vale aqui é a criatividade da solução.