A Conservação da Evidência Esperada e as narrativas
novembro 23, 2023 § Deixe um comentário
Depois da prisão de uma mulher acusada de bruxaria, se ela estivesse com medo, isso provaria sua culpa; se ela não estivesse com medo, isso também provaria sua culpa

Friedrich Spee von Langenfeld foi um padre jesuíta alemão que ouvia confissões de bruxas condenadas. Era um crítico do processo penal da inquisição e de sua caça às bruxas. Em 1631 escreveu um livro chamado “Cautio Criminalis” (algo como “prudência em casos criminais”), no qual descreveu de forma mordaz a árvore de decisão para condenar bruxas.
Segundo Spee, a coisa ia mais ou menos assim:
Se a bruxa tivesse levado uma vida má e imprópria, ela era culpada; se ela tivesse levado uma vida boa e adequada, isso também seria uma prova da sua culpa, pois as bruxas dissimulam e tentam parecer especialmente virtuosas. Depois da prisão de uma mulher acusada de bruxaria, se ela estivesse com medo, isso provaria sua culpa; se ela não estivesse com medo, isso também provaria sua culpa, pois as bruxas caracteristicamente fingem inocência e são “caras-de-pau”. Ou ainda, ao ouvir uma denúncia de bruxaria contra ela, a mulher acusada tinha duas opções: poderia fugir ou permanecer; se ela fugisse, isso provaria sua culpa; se ela permanecesse, foi o diabo que a deteve para poder reivindicar sua alma.
Leia o texto completo em Update or Die. Publicado em 22/11/2023.