Translearning (parte 1)
maio 28, 2011 § 1 comentário
QUE PAPO É ESSE?
Isso foi o que pensei quando ouvi pela primeira vez essa palavrinha (e provavelmente você também). Então lá fui eu procurar saber mais a respeito do assunto. O que encontrei é o que quero compartilhar aqui.
Para início de conversa, preciso avisar que esse assunto ainda é bem novo, mas está aparecendo como uma tendência muito forte para os próximos anos. Além disto, não há ainda um centro de referência e sim vários trabalhos que estão acontecendo em paralelo, em especial nas universidades de Washington (o estado, não a cidade) e da Catalunha, que inclusive promove um encontro anual desde 2008 para debater novas formas de se ensinar online (é o Open EdTech Summit).
Bom, sem mais delongas, translearning basicamente é a utilização de estratégias de transmidia, voltadas para aprendizagem. Ou como gostam de frisar, é um aprendizado informal utilizado em um ambiente formal. O que envolve pensar mais em estruturação e narrativa do que em planos ou minutas de aula.
PRIMEIROS PASSOS
O translearning acaba ficando um pouco no “meio do caminho” das formas mais tradicionais de ensino, conforme o mapa adaptado abaixo:
Esse tipo de aprendizado lida com 3 conceitos básicos de estratégias:
Personalização: flexibilizar o ensino de forma a integrar ferramentas que permitam o aluno (na falta de termo melhor para usar) a personalizar o seu aprendizado. Esta estratégia também é chamada de descentralização.
Conexão entre pessoas: usar as conexões e relacionamentos do próprio grupo para estimular o aprendizado (aí a importância da narrativa).
Plataforma: é o como ligar essa coisa toda. Checar se a plataforma educacional comporta os tipos de mídia que serão usadas, verificar as oportunidades de portabilidade a serem usadas ou se trabalhará com alguma solução open source para minimizar custos.
Por trás destes 3 conceitos está o conceito (sempre presente em translearning) de multi-tarefa.
TENDÊNCIA OU MODISMO?
Acredito na tendência.
Em um mundo repleto de multi-tarefas, o que se tem na maioria das vezes são “mudas-tarefas”, ou seja, se muda de uma tarefa para outra tão constantemente, que acaba-se não fechando nenhuma.
Por outro lado, cada vez mais os alunos (de novo, por falta de definição melhor) entendem o processo de aprendizagem como uma viagem por diferentes objetos de aprendizagem e não mais como algo preso a um único espaço. Com isso, se entediam facilmente em uma estratégia de aprendizado muito formal.
O translearning alinha a multi-tarefa em vários ambientes de aprendizagem e é isto, na minha opinião, que garante o investimento que vem sendo feito na discussão e estudo deste modo de ensino. Ou melhor falando, modo de conexão de aprendizagem.
Mas, vamos ver o que precisa ser feito para estruturar.
Este é um assunto para o próximo post.
Papo sobre andragogia
maio 13, 2011 § Deixe um comentário
Como essa história começou?
Em 1833, o professor alemão Alexander Kapp usou o termo pela primeira vez no seu trabalho “as idéias educacionais de Platão”, onde defendia a necessidade de continuar aprendendo durante a vida toda (“As idéias educacionais de Platão”, Alexander Kapp).
Mas o conceito se popularizou muito por conta de um outro estudioso, Malcom knowles.
Foi ele que desenvolveu os conceitos de palestra, workshop e dinâmica de grupo como forma de aprendizado para adultos durante os anos 1950.
Knowles definiu 5 premissas para a andragogia:
1. Conceito do eu: mudança de uma personalidade dependente para uma crítica.
2. Experiência: acumulo crescente de experiência como recurso de aprendizado.
3. Vontade de aprender: a vontade em aprender direcionando o desenvolvimento.
4. Orientação para o aprendizado: mudança de aprendizado apenas conceitual para aprendizado prático.
5. Motivação para o aprendizado: a motivação para aprender é interna.
Cada uma dessas 5 premissas marcam a diferença entre pedagogia e andragogia. É a passagem de “por que” e “para que” para “o que” e “como.
Essas premissas levaram a 2 “certezas”:
1. Que programas educacionais devem ser organizados com base em aplicação prática na vida.
2. Que a experiência do aprendizado deve ser organizada em categorias de desenvolvimento de competências específicas.
Segurando um pouco a marcha…
Essas 2 “certezas” são equivocadas na minha opinião por dois motivos:
Subestimam o aprendizado apenas por diversão ou interesse pessoal, que não precisa ter necessariamente aplicação prática na sua vida.
Ignoram que a experiência necessária para o aprendizado pessoal significativo é feita por associações de conhecimentos que muitas vezes não tem ligação direta entre si.
Andragogia deve ser entendida de outra maneira. Deve dar referências para as pessoas e ajudá-las a conectar estas referências com o que elas têm a volta.
Passa por 4 pontos pra mim:
1. Diagnostico das necessidades de aprendizado
2. Formulação de uma estratégia de aprendizado
3. Escolha e implementação das ferramentas apropriadas para o caso
4. Estimulo da conexão com a experiência de vida
A idéia é gerar gatilhos para o aprendizado, eventos que Estimulem a pessoa a querer aprender (já que a motivação é interna).
Os adultos não seguem necessariamente um passo a passo definido de aprendizado. Ele acontece muito mais pelas oportunidades e circunstâncias.
Modelo Mental – Lógica e Criatividade acelerando inovação (parte 2)
maio 5, 2011 § Deixe um comentário
A lógica nessa história
Recorrendo aos dicionários, a definição de lógica é:
“1. Modo de raciocinar tal como de fato se exerce: Lógica natural. 2. Estudo que tem por objeto determinar quais as operações que são válidas e quais as que não são: Lógica formal, que trata dos conceitos, juízos e raciocínios, independentemente de seu conteúdo.”
Qualquer que seja a definição, quando falamos de lógica, estamos nos referindo a padrões que seguem algum critério, que podem ser replicados e nos dão algum controle sobre o seu resultado.
Principalmente nos últimos 250 anos, a lógica teve papel fundamental nas grandes transformações pelas quais o mundo passou. Revolução industrial, organizações políticas, avanços tecnológicos… A lista é enorme.
A sua grande força é dar a segurança necessária para organizar e implementar consistentemente o conceito em questão.
E ninguém em sã consciência adere a nenhum modelo que não tenha a lógica como base.
No modelo mental, a criatividade (na sua criação e comunicação) e a lógica (para direcionar e relacionar a sua criação e comunicação) trabalham juntas e completamente integradas.
Criatividade e lógica na empresa
O primeiro passo pra desenvolver a criatividade integrada com a lógica no seu negócio é ter a liderança realmente comprometida em estimular um ambiente onde a criatividade esteja incorporada no dia-a-dia.
Sem deixar de direcioná-la com os parâmetros que a lógica traz. Como, por exemplo, determinando “em que isso vai ajudar?” Ou então respondendo “porque queremos inovar nesse produto ou serviço?” Obter melhores resultados e preferência do Cliente têm que ser os balizadores de qualquer processo de inovação.
O segundo passo é se despir de preconceitos e se vestir com um pouco de humildade para aceitar idéias de outras pessoas. Como Dee Hock (o criador do sistema VISA de cartões de crédito) dizia: “O problema não é ter idéias novas e inovadoras. E sim esquecer as idéias antigas”. Deixar de verdade a criatividade ajudar a empresa.
O terceiro passo é ter a coragem de abandonar o que não está mais dando certo. A identificação dos modelos mentais de quem está envolvido no processo de inovação permite que as pessoas construam pontes entre o que acreditam hoje e o que está sendo proposto
Concluindo…
A criatividade não é um recurso escasso. Nem a lógica um recurso incompatível. Mas a verdade é que a maioria das empresas se esforça, conscientemente ou não, para acabar com uma das duas. Promovendo uma queda-de-braço entre a criatividade e a lógica até uma não agüentar mais e tocar com o braço na mesa.
A solução? Associar a criatividade (escrevendo as idéias que teve) a um parâmetro lógico (priorizando as ações). A idéia é aproveitar o que tem de melhor no lado direito (da criatividade) e no esquerdo (da lógica) do cérebro da sua empresa.