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setembro 1, 2015 § Deixe um comentário

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O conhecimento sempre foi uma poderosa fonte de poder para a humanidade. Não é por acaso que o primeiro ato de qualquer tirano é suprimir as fontes de informação e conhecimento. A época atual, que temos o privilégio de viver, é ímpar na geração, difusão e acesso a esse poder de transformação do ser humano. O impacto da internet é daqueles definidores, como foi a descoberta do fogo, a criação da culinária, a criação da prensa, o iluminismo, o domínio da fissão nuclear, dentre outros. É algo que já mudou o modo como vivemos e está mudando a forma como pensamos.

Uma das mudanças na forma de pensar mais fáceis de identificar é o aumento do compartilhamento de informações e conhecimentos entre os seres humanos, muitas vezes estimulados pela boa e simples generosidade das pessoas. Domingo passado, dia 30/08, perdemos uma dessas pessoas generosas, o Dr. Oliver Sacks, que mesmo nos seus últimos meses de vida, em câncer terminal, encontrou tempo para compartilhar seu conhecimento e impressões.

Certamente virarão clássicos seus 4 artigos, publicados ao longo deste ano no The New York Times, sobre o que se passava por sua cabeça nos últimos tempos.

O primeiro, publicado em fevereiro, “My own life”, foi usado para anunciar a sua condição e abordar como decidiu encarar o diagnóstico e o tempo que lhe restava.

O segundo, de junho, com o sugestivo título de “Mishearings” (algo como ouvir mal ou errado), Sacks nos presenteia – com a sua costumeira narrativa – suas impressões a respeito dos mal-entendidos que uma crescente surdez causada pelo câncer o proporcionava e sua correlação com a natureza da percepção humana.

No terceiro, publicado ao final de julho, Oliver Sacks aborda como vinha utilizando seu tempo e compartilha uma prática adquirida nos últimos anos de receber de presente de aniversário o metal ou mineral correspondente ao número da sua idade na tabela periódica. Não por acaso, o título do artigo é “My periodic table”.

No último (e meu favorito), publicado há cerca de 15 dias, nos conta, em tom de despedida, sua relação com o sábado (dia sagrado para a religião judaica). Com o título de “Sabbath”, Sacks celebra a vida e nos brinda com um final arrebatador, que reproduzo a seguir em uma tradução livre: “E agora, fraco, com pouco fôlego, com meus músculos outrora firmes derretidos pelo câncer, me pego a pensar constantemente não no sobrenatural ou no espiritual, mas no que significa viver uma boa e produtiva vida e alcançar a paz interior. Me pego a pensar no Sabbath, o dia do descanso, o sétimo dia da semana e talvez, o sétimo dia da vida de uma pessoa, quando se tem a sensação de que o trabalho está terminado e é possível, em boa consciência, descansar”.

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Obrigado por compartilhar, Dr. Sacks.

Em tempo, mantendo a boa prática, compartilho os links para os artigos nos títulos originais que citei acima.

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