O futuro da indústria tech

novembro 10, 2016 § Deixe um comentário

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A indústria da tecnologia defendeu por anos o argumento de que para se ter uma economia baseada na inovação, era preciso que se estimulasse a educação, o conhecimento aplicado à propriedade intelectual e o multiculturalismo. Isto impactou diretamente em políticas públicas e legislação de diversos países em relação à organização e às metodologias de seu sistema educacional, proteção à propriedade intelectual e estímulo ao desenvolvimento de pesquisas científicas (que geram propriedade intelectual) e em políticas de imigração (em especial as ligadas à concessão de visto de trabalho para os chamados skilled workers).

Os EUA, como uma das grandes forças impulsionadoras da indústria tech, sempre foram vistos como determinante para a definição das posturas deste mercado no mundo todo. É natural então, que uma presidência Trump – potencializada pelo Brexit – não podemos esquecer que o Reino Unido é o segundo produtor mundial de propriedade intelectual, atrás apenas dos EUA, leve a uma reavaliação estratégica da área em relação as suas políticas. Já começaram a circular e-mails pelo Vale do Silício, propondo o reposicionamento para a defesa do corte de impostos para a área e o comprometimento em relação à repatriação de divisas.

Entendo a postura e reconheço a necessidade de reposicionamento – em especial se levarmos em consideração que Trump declarou em campanha que iria iniciar uma ação antitruste contra a Amazon e prometeu forçar a Apple a fabricar seus produtos nos EUA. Mas um dos argumentos mais poderosos das empresas de tecnologia em relação à sua própria importância, sempre foi o fato de que suas metas não eram apenas financeiras, mas abarcavam a construção de um futuro progressista. Sim, queriam dinheiro, mas também queriam construir um mundo melhor em termos filosóficos e democráticos – protegiam a educação e o conhecimento como modo de empoderar as pessoas e estimulá-las a quererem se tornar mais inteligentes e cultas. A lógica era que pessoas mais inteligentes tinham mais possibilidades de inovar.

Thomas Friedman – o autor do livro “O Mundo é Plano”, que propiciou muita da base conceitual para os argumentos defendidos pela indústria tech – escreveu sobre o resultado das eleições americanas, no texto intitulado “Homeless in America”, que o chamado “aprendizado para a vida toda” (no original lifelong learning) poderia ser uma fonte inesgotável de stress para algumas pessoas.

O risco que esta visão de mundo coloca é: se o aprendizado pode fazer mais mal do que bem e se algumas pessoas, não apenas o rejeitam, mas agem conscientemente para impedir a formação de um ambiente que estimule o desenvolvimento da sua fonte (o conhecimento), por que priorizar a educação?

40% das pesquisas científicas realizadas pelo Reino Unido eram financiadas pela União Europeia (rejeitada pela maioria dos britânicos). Facebook e Twitter têm sido apontados como causadores do declínio do jornalismo e da irrelevância dos fatos (e de quebra contribuído para a expansão do trolling, racismo e misoginia que caracterizaram a campanha do agora presidente Trump). O crescimento de um sentimento anti-tech pode, de verdade, mudar a direção que as políticas educacionais vinham tomando nos países desenvolvidos (que queira ou não, dão o tom para o restante do mundo).

O efeito colateral pode ser a criação de uma elite intelectual tecnológica – porque a indústria continuará e precisará de pessoas que tenham a habilidade de criar propriedade intelectual. Mas, talvez o sonho de democratizar esta habilidade tenha acabado.

Inteligência Artificial e a Educação

outubro 27, 2016 § Deixe um comentário

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Como retrospectiva, sugiro a leitura dos textos anteriores sobre o assunto. O primeiro, a respeito do “Estudo de 100 anos para a Inteligência Artificial”; o segundo, referente à definição do que é IA; o terceiro, abordando as tendências; e o quarto a respeito do impacto no mercado de trabalho. Este é o último texto da série e aborda um dos temas mais estratégicos, pelo menos no meu entendimento, na priorização do planejamento de pessoas, organizações e países: a educação.

Dediquei boa parte da minha carreira à área de educação corporativa – sou um daqueles caras de “treinamento” que boa parte dos que trabalham em empresas de médio e grande porte já deve ter cruzado por aí. Sei que muitos “torcem o nariz” para o uso do termo “educação” em associação com a palavra “corporativa”, mas a verdade é que, com a já conhecida (enorme) lacuna na qualidade da formação educacional em nosso país, boa parte das empresas decidiu investir elas mesmas na formação do funcionário, muitas vezes indo além de conhecimentos e habilidades específicas para o seu negócio e ajudando-os em formação básica. Desta forma, em minha opinião, contribuindo para a própria educação do brasileiro. Para atuar neste ambiente, passei anos “consumindo” tudo o que pude encontrar em relação a métodos educacionais. Quando comecei a “me envolver” com machine learning, tive a grata surpresa de perceber que muitos dos conceitos que aprendi a respeito do aprendizado de gente, podia também ser aplicado ao aprendizado de máquinas. Faço esta introdução apenas para contextualizar a minha relação com o tema.

Desde os projetos Lego Mindstorms, desenvolvidos pelo MIT Media Lab a partir dos anos 1980, robôs têm se tornado ferramentas educacionais populares. Cabe aqui atribuir o crédito devido ao matemático Seymour Papert, guru de muita gente (inclusive meu), por conta do seu trabalho envolvendo o uso de tecnologias no aprendizado de crianças desde os anos 1960. Papert foi fundamental para o desenvolvimento do conceito de aprendizado multimídia, hoje parte integrante das teorias do aprendizado, assim como na evolução do campo da Inteligência Artificial.

Este caldo de ideias estimulou o desenvolvimento de diferentes frentes de atuação da IA aplicada à educação. É importante deixar claro, desde já, que nenhuma destas frentes descarta a importância da participação do ser-humano como vetor do ensino. Como citei no texto anterior, referente ao impacto no mercado de trabalho, IA pode aumentar o escopo do que é considerado tarefa de rotina, mas definitivamente o papel do professor não está entre elas. Ferramentas como os Intelligent Tutoring Systems (ITS), campos de atuação como Natural Language Processing ou aplicativos como os de Learning Analytics têm como objetivo ajudar os professores em sala de aula e em casa, expandir significativamente o conhecimento dos alunos. Com a introdução da realidade virtual no repertório educacional, por exemplo, o impacto da Inteligência Artificial no aprendizado do ser-humano deve ser de tal ordem que “periga” alterar a forma como o nosso cérebro funciona (é claro que este impacto ainda é suposição). Creio que a melhor maneira de abordar este assunto, é por meio de exemplos. Vou associá-los aos tópicos principais de IA aplicada à educação. Sempre que o exemplo vier acompanhado de um link, pode clicar. São informações adicionais sobre o assunto ou vídeos tutoriais sobre alguma ferramenta. Se por acaso ocorrer algum rickrolling, me avisem.

Robôs tutores

Ozobot, é um robozinho que ajuda crianças a entenderem a lógica por detrás da programação e a raciocinar de maneira dedutiva. Ele é “configurando” pelas próprias crianças, por meio de padrões codificados por cores, para dançar ou andar. Já os Cubelets auxiliam a criança a desenvolver o pensamento lógico através da montagem de blocos robôs, cada um com uma função específica (pensar, agir ou sentir). Os Cubelets têm sido usados para estimular o aprendizado de STEM.

Dash, é o robô oferecido pela Wonder Workshop, que permite apresentar crianças (e adultos) à robótica. É possível programar as ações do robô por meio de uma linguagem de programação visual desenvolvida pela Google, chamada Blockly ou mesmo construir apps para iOS e Android, usando linguagens mais parrudas como C ou Java.

Por fim, o PLEO rb é um robô de estimação, criado para estimular o aprendizado de biologia. A pessoa pode programar o robô para reagir a diferentes aspectos do ambiente.

Intelligent Tutoring Systems (ITS)

Os ITS começaram a ser desenvolvidos no final do século XX por vários centros de pesquisa, para auxiliar na resolução de problemas de física. A sua força sempre esteve na sua capacidade de facilitar o “diálogo” humano-máquina. Ao longo destas primeiras décadas do século XXI, começou a ser utilizado para o ensino de línguas. Carnegie Speech e Duolingo são exemplos da sua aplicação, utilizando o Automatic Speech Recognition (ASR) e técnicas de neurolinguística para ajudar os alunos a reconhecerem erros de linguagem ou pronúncia e corrigi-los.

Também têm sido usados para auxiliar no aprendizado de matemática, o Carnegie Cognitive Tutor foi adotado por escolar norte-americanas para este fim. Outros similares (Cognitive Tutors) são usados para o aprendizado de química, programação, diagnósticos médicos, genética, geografia, dentre outros. Os Cognitive Tutors são ITS que usam softwares que imitam o papel de um professor humano, oferecendo dicas quando um estudante fica com dificuldade em algum tópico, como por exemplo, um problema de matemática. Com base na pista solicitada e a resposta fornecida pelo aluno, o “tutor” cibernético oferece um feedback específico, de acordo com o contexto da dúvida.

Um outro ITS chamado SHERLOCK, desde o final da década de 1980 ajuda a Força Aérea Americana a diagnosticar problemas no sistema elétrico de suas aeronaves. Quem quiser conhecê-lo mais, sugiro este paper publicado nos primórdios da internet (não se assustem com o design).

Mas as grandes “estrelas” na constelação dos ITS são definitivamente os MOOCs (Massive Open Online Courses). Ao permitirem a inclusão de conteúdos via Wikipedia e Khan Academy e de sofisticados Learning Management Systems (LMS), baseados tanto em modelos síncronos (quando há prazos para conclusão de cada fase do curso) quanto modelos assíncronos (quando o aprendiz vai no seu ritmo), os MOOCs têm se tornado a ferramenta de aprendizagem adaptativa mais popular.

EdX, Coursera e Udacity são exemplos de MOOCs que se “alimentam” de técnicas de machine learning, neurolinguística e crowdsourcing (também conhecida em português como colaboração coletiva) para correção de trabalhos, atribuição de notas e desenvolvimento de tarefas de aprendizado. É bem verdade que a educação profissional e a de ensino superior são as maiores beneficiárias deste tipo de ITS (em comparação com os ensinos básico, médio e fundamental). A razão disto, é que o público delas, até mesmo por ser geralmente composto por adultos, tem menos necessidade de interação cara-a-cara. Espera-se que com um maior estímulo ao desenvolvimento da habilidade de metacognição, os benefícios oferecidos por estas plataformas possam ser distribuídos mais democraticamente.

Learning Analytics

Também já se sente o impacto do Big Data em educação. Todas as ferramentas apresentadas geram algum tipo de log ou algum tipo de registro de dado. Assim como aconteceu no mundo corporativo com BI (Business Intelligence) e BA (Business Analytics), a geração maciça de dados advindos da integração de IA, educação e internet, fez surgir a necessidade de se entender e contextualizá-los para melhor aproveitar as oportunidades e insights potencializados por eles.  Com isto, o campo chamado Learning Analytics tem observado um crescimento em velocidade supersônica.

A bem da verdade, é que cursos online não são apenas bons para a entrega de conhecimento em escala, são veículos naturais para a armazenagem de dados e a sua instrumentalização. Deste modo, o seu potencial de contribuição para o desenvolvimento científico e acadêmico é exponencial. O aparecimento de organizações como a Society for Learning Analytics Research (SOLAR) e de conferências como a Learning Analytics and Knowledge Conference organizada pela própria SOLAR e a Learning at Scale Conference (L@S), cuja edição de 2017 será organizada pelo MIT, refletem a importância que está se dando a este assunto em outras “praias”. IA tem contribuído para a análise do engajamento do aprendiz, seu comportamento e desenvolvimento educacional com técnicas state-of-the-art como deep learning e processamento de linguagem natural, além de técnicas de análise preditivas usadas comumente em machine learning.

Projetos mais recentes no campo de Learning Analytics têm se preocupado em criar modelos que captem de maneira mais precisa as dúvidas e equívocos mais comuns dos aprendizes, predizer quanto ao risco de abandono dos estudos e fornecer feedback em tempo real e integrado aos resultados da aprendizagem. Para tanto, cientistas e pesquisadores de Inteligência Artificial têm se dedicado a entender os processos cognitivos que envolvem a compreensão, a escrita, a aquisição de conhecimento e o funcionamento da memória e aplicar este entendimento à prática educacional, com o desenvolvimento de tecnologias que facilitem o aprendizado.

O mais incauto pode se perguntar por que com tecnologias de IA cada vez mais sofisticadas e com o aumento do esforço no desenvolvimento de soluções específicas para educação, não há cada vez mais escolas, colégios, faculdades e universidades os utilizando?

Esta resposta não é fácil e envolve diversas variáveis. A primeira delas está relacionada ao modelo mental da sociedade e ao quanto esta sociedade preza o conhecimento. Há locais em que a aplicação da IA em educação está mais avançada, como por exemplo a Coreia do Sul e a Inglaterra e outros em que já se está fazendo um esforço concentrado para tal, como por exemplo Suíça e Finlândia. Não por acaso, são países em que há bastante produção de propriedade intelectual. A segunda delas, envolve o domínio na geração do conhecimento e na sua aplicação em propriedade intelectual. Nesta variável, segue imbatível os EUA, que são responsáveis por boa parte do conhecimento produzido pelo ser-humano. Novamente, não por acaso, são os líderes no desenvolvimento do campo de IA. A terceira variável, como não poderia deixar de ser, é o custo. Não é barato e como dinheiro é um recurso escasso em qualquer lugar (em uns mais do que em outros, claro) é preciso que haja uma definição da sociedade em questão quanto às suas prioridades para se fazer este investimento. A quarta, está ligada ao acesso aos dados produzidos por estas iniciativas educacionais e as conclusões geradas. Embora haja fortes indícios de que a tecnologia impulsionada pela IA realmente impacta positivamente no aprendizado, ainda não há conclusões objetivas em relação ao tema – muito por conta da sua recência. E como o investimento é alto, são poucos os que topam ser early adopters.

De qualquer forma fica a questão, vale a pena? Quanto a isto, gosto de citar meu ex-chefe, Edmour Saiani. Sempre quando perguntado se devíamos treinar alguém, ele respondia: “se lembre que o problema nunca é você treinar a pessoa e ela sair da empresa, o problema é você não treinar e ela ficar”. Neste tipo de caso, não fazer nada é a pior opção.

Inteligência Artificial e o mercado de trabalho

outubro 7, 2016 § 1 comentário

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Como retrospectiva, sugiro a leitura dos textos anteriores sobre o assunto. O primeiro, a respeito do “Estudo de 100 anos para a Inteligência Artificial”; o segundo, referente à definição do que é IA; e o terceiro, abordando as tendências. Pretendo dedicar este e o próximo à análise do impacto em duas áreas de grande interesse: o emprego e ambiente de trabalho e a educação.

O mercado de trabalho tem sido historicamente influenciado pela Inteligência Artificial via tecnologias digitais que permitem a criação de rotinas ou automação de tarefas como planejamento de utilização de recursos, sistemas de informação e análise para supply chain, CRM ou knowledge management systems, dentre outros. Por conta deste enfoque em rotina, trabalhos de nível médio têm sido mais impactados do que os de nível alto e baixo. Vale lembrar que estes “níveis” se referem à habilidade necessária para realizar uma tarefa, que por sua vez, se reflete em nível de escolaridade. Um bom modo de visualizar esta realidade é pelos gráficos publicados pelo The New York Times em 2014, mostrando como a recessão havia impactado a economia e modificado o mercado de trabalho (são 255 gráficos interativos que dão um panorama bem abrangente e que podem ser acessados por este link).

Como comentei no primeiro texto desta série, acredita-se que IA possa aumentar o escopo do que é considerado tarefa de rotina. Um exemplo neste sentido nos é dado pelos pesquisadores Dana Remus (University of North Carolina) e Frank S. Levy (M.I.T.), no artigo acadêmico “Can Robots Be Lawyers? Computers, Lawyers, and the Practice of Law”. Como já se intui pelo título, trata-se do impacto atual de IA na automação de algumas práticas jurídico-legais, como a permitida por algoritmos que fazem extração de informações de processos jurídicos e topic modeling – é o termo usado para a tarefa de descobrir e registrar uma grande quantidade de arquivos e documentos com base em informações temáticas pré-definidas – vale dizer que é feito através de métodos estatísticos que analisam as palavras dos textos originais para descobrir seus temas, como estes temas estão ligados uns aos outros e como eles mudam ao longo do tempo. Isto tem influenciado o tipo de trabalho feito por advogados recém-formados nos EUA, que anteriormente começavam as suas carreiras fazendo, guardadas as devidas proporções, o que estes algoritmos fazem hoje.

Também é esperado que IA possa influenciar no tamanho e na localização da força de trabalho. Muitas organizações são grandes porque precisam realizar funções que são escalonáveis apenas pela adição de recursos humanos – seja “horizontalmente” em mais áreas geográficas, seja “verticalmente” em níveis hierárquicos. Ao realizar mais funções, a Inteligência Artificial muda a definição do que significa escalonar, não a relacionando mais a aumento de “tamanho”. Mas nem tudo é ameaça, IA também deverá criar postos de trabalho, especialmente em setores que necessitam de propriedade intelectual, fazendo com que certas tarefas fiquem mais importantes e criando novas categorias de emprego ao permitir novos modos de interação.

Sistemas de informação cada vez mais sofisticados (sobre o assunto recomendo muito o livro de Laudon & Laudon, “Management Information Systems”, já na sua 13ª edição) têm sido usados para criar novos mercados e reduzir barreiras de entrada, permitindo o surgimento de apps como Airbnb e TaskRabbit, por exemplo. Uma comunidade crescente de pesquisadores tem se dedicado exclusivamente a estudar como se pode usar a IA na criação de novos mercados e em como fazer os mercados atuais operarem de maneira mais eficiente, levando a crer que a sua influência, muitas vezes disruptiva, está apenas no seu início.

Apesar da IA poder reduzir o valor de bens de consumo e serviços (ao realizar tarefas que necessariamente demandariam um ser-humano) e desta forma contribuir para o aumento da capacidade de consumo individual, é inegável que a possível redução de vagas de trabalho levanta mais preocupação do que os ganhos econômicos difusos. Com isso, IA acaba sendo “culpada” mais por ameaçar o emprego do que bem vista pela sua capacidade de melhorar a qualidade de vida.

É verdade, porém, que gradualmente o avanço na inteligência de máquinas irá permiti-las “invadir” a maioria dos mercados de trabalho, exigindo uma mudança no tipo de atividade realizada por humanos e que os computadores serão capazes de assumir. Acredita-se que os efeitos econômicos da IA sobre os chamados empregos humanos cognitivos (aqueles considerados anteriormente na era industrial como “trabalho de escritório”) será análogo aos efeitos da automação e robótica no trabalho de fabricação industrial, em que operários acabaram perdendo empregos mesmo possuindo conhecimentos técnicos, muitas vezes especializados, perda esta que impactou negativamente em seu status social e na sua capacidade de prover para suas famílias. Com a mão-de-obra se tornando um fator menos importante na produção em comparação ao capital intelectual e à capacidade de usá-lo para gerar valor, é possível que a maioria dos cidadãos possa ter dificuldades em encontrar um trabalho que pague bem suficientemente para manter um padrão socialmente aceitável de vida.

Esta é uma possibilidade real e influencia, dentre outras coisas, em curto prazo, na forma como o nosso sistema educacional se organiza. Educação, treinamento e criação ou readequação de bens e serviços que necessitem mais de intervenção humana podem ajudar a mitigar efeitos econômicos negativos. De qualquer forma, é imprescindível que comecemos a nos atentar às competências necessárias para o trabalho do século XXI e adequar nosso sistema educacional para formar cidadãos mais capacitados dentro de uma realidade diferente da industrial (quem se interessar mais sobre o assunto, ano passado publiquei 3 textos sobre o tema, que disponibilizo neste link).

Em longo prazo, será preciso rever a rede de segurança social atual e evoluí-la para atender um possível contingente maior de pessoas e ajudá-las a se reintegrarem em uma sociedade mais intelectual do que manual. Países como a Suíça e a Finlândia já começaram a considerar ativamente esta nova realidade e iniciaram um processo de adequação de suas sociedades – que começou, de maneira não surpreendente – pela reformulação de seus sistemas educacionais, privilegiando o desenvolvimento da habilidade de metacognição, domínio de idiomas (em especial da língua inglesa, pelo fato da maior parte do conhecimento humano estar registrado neste idioma) e um currículo baseado em STEM (acrônimo em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) associado ao “método” grego de “arte liberal” (quem quiser mais detalhes do conceito, disponibilizo um link de outro texto que escrevi sobre o tema) por se entender que é uma maneira eficiente de adequar a forma de pensar para uma mentalidade mais direcionada à criação de propriedade intelectual, em que se destaca a conexão de conhecimentos – de forma mais abrangente – e a imaginação – para atuar criativamente na sociedade e gerar inovação.

Aqui vale uma explicação adicional, pois o tema gera bastante interpretação equivocada. Foco em STEM não é a mesma coisa que foco em ciências exatas (e menos ainda, não foco em ciências humanas). É consenso, ao menos no caso da matemática, que a matéria ensinada na maioria das escolas é um reflexo pálido da matemática que verdadeiramente apaixona (aquela que, parafraseando Michael Atiyah, identifica e lida com problemas que são ao mesmo tempo interessantes e solucionáveis). No decorrer da revolução industrial nos esquecemos de que matemática também é arte – e não me refiro à geometria, como aqueles cujo coração se agita com a visão dos fractais pode supor inicialmente – me refiro à emoção que a matemática evoca. A satisfação de transformar o desconhecido em conhecido é imensa e também profundamente inata à “disciplina” em questão. A triste ironia da política de educação em relação à matemática é que na tentativa de aproveitar o nosso potencial humano para o raciocínio e resolução de problemas – habilidades vitais para o futuro da nossa economia – os formuladores de políticas públicas (assim como os formadores de opinião) negligenciam a mais importante de todas as verdades matemáticas: ela também é arte e deve ser tratada como tal.

Inteligência Digital

setembro 1, 2016 § Deixe um comentário

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Não é segredo que temos passado cada vez mais tempo na companhia de aparelhos digitais, seja profissionalmente ou como entretenimento. Para evitar simplificações, vou utilizar a definição dada pelo departamento de ciência computacional e da informação do Brooklyn College para o tipo de equipamento – “é o conjunto de aparelhos que convertem informações em números e permitem seu armazenamento, transporte e compartilhamento”. Estamos “falando” de smartphones, computadores e tablets – mas também de tecnologias mais “antigas” como telégrafo, calculadora, relógio de pulso ou telefone fixo.

Este é um fato que transcende faixa etária. Crianças, por exemplo, passam em média, sete horas diárias em frente a alguma tela digital – segundo artigo da Academia Americana de Pediatria. Para efeito de comparação, é mais tempo do que passam na escola ou em companhia dos pais. Mais do que isto, existe ainda a lacuna – chamada de gap geracional digital – em relação à percepção e uso da tecnologia digital. Crianças e adultos a percebem de forma diferente e esta diferença é hoje o maior “desafio” enfrentado por pais e educadores em relação ao que é apropriado fazer em termos de “educação digital” e mesmo em torno do que é considerado um comportamento aceitável no mundo online.

Alguns conceitos têm surgido para ajudar no entendimento desta realidade. Alguns deles têm saído da academia para assumir a forma de propostas e iniciativas que efetivamente contribuam para a educação dos seres-humanos do século XXI. Uma delas, envolve o conceito de Inteligência Digital e da sua métrica proposta, chamada de coeficiente de inteligência digital.

Inteligência Digital é o conjunto de habilidades sociais, emocionais e cognitivas que permitem aos indivíduos desenvolverem a capacidade necessária para enfrentar os desafios e se adaptar às exigências da vida digital. Essas habilidades podem ser genericamente divididas em oito áreas interligadas. Minha intenção é apresentar rapidamente cada uma delas.

Identidade digital, é a capacidade que um indivíduo tem de criar e gerenciar a sua identidade e reputação digital. Isto inclui a consciência a respeito da sua persona online e a gestão do impacto, em curto e longo prazo, da sua presença na internet.

Uso digital, é a capacidade de usar aparelhos e suportes digitais, incluindo a habilidade de encontrar um equilíbrio saudável entre a vida online e offline. Vale reforçar que este equilíbrio é individual – cada um define o seu – embora as consequências de extrapolá-lo possam ser percebidas de maneira coletiva, como por exemplo, distúrbios psicológicos.

Segurança digital, é a capacidade de “gerenciar” os riscos online, por exemplo, cyberbullying, aliciamento, catfishing (para quem não está familiarizado com a definição, catfish corresponde à pessoa que assume uma falsa identidade na internet), bem como lidar com conteúdos “problemáticos” (como violência e obscenidade). Em resumo, é a habilidade para evitar ou limitar esses riscos.

Proteção digital, é a capacidade de detectar ameaças virtuais (como pirataria, fraudes, malware), entender as melhores práticas de utilização dos conteúdos disponibilizados (conceitos como o de curadoria digital, por exemplo) e do uso das ferramentas de segurança adequadas à proteção de dados.

Inteligência emocional digital, é a capacidade de ser compreensivo e construir boas relações com os outros online.

Comunicação digital, é a capacidade de se comunicar e colaborar com outras pessoas, usando tecnologias digitais e de mídia.

Alfabetização digital, é a capacidade de encontrar, avaliar, utilizar, compartilhar e criar conteúdo digital (novamente envolvendo o conceito de curadoria), bem como a competência em programação computacional e raciocínio lógico, além do desenvolvimento do pensamento crítico.

Direitos digitais, é a capacidade de compreender e defender os direitos pessoais e coletivos, nomeadamente os direitos à privacidade, propriedade intelectual, liberdade de expressão e proteção contra discursos de ódio.

Bom, se prestarmos bem atenção, veremos que a raiz da Inteligência Digital são os valores bem humanos do respeito, empatia, prudência e cidadania – desejáveis em qualquer sociedade. Quem se interessar e quiser implementar o modelo, sugiro a plataforma digital izhero.net, até 31 de dezembro a adesão a ela é gratuita.

Quem se interessar em explorar conceitualmente o assunto, sugiro procurar a seguinte bibliografia.

Barlett, C. P., Gentile, D. A., & Chew, C. (2014). Predicting cyber-bullying from anonymity. Psychology of Popular Media Culture.

Gentile, D. A. (2013). Catharsis and media violence: A conceptual analysis. Societies, 3, 491–510;

Gentile, D. A., Choo, H., Liau, A., Sim, T., Li, D., Fung, D., & Khoo, A. (2011). Pathological video game use among youth: A two-year longitudinal study. Pediatrics, 127, e319-329.

Gentile, D. A., Reimer, R. A., Nathanson, A. I., Walsh, D. A., & Eisenmann, J. C. (2014). A prospective study of the protective effects of parental monitoring of children’s media use. JAMAPediatrics, 168, 479-484 doi:10.1001/jamapediatrics. 2014.146

Maheshwari, Anil. (214). Data Analytics Made Accessible.

Maier, J. A., Gentile, D. A., Vogel, D., & Kaplan, S. (2014). Media influences on self-stigma of seeking psychological services: The importance of media portrayals and person perception. Psychology of Popular Media Culture.

Mithas, Sunil. (2012). Digital Intelligence: What Every Smart Manager Must Have for Success in an Information Age. Finerplanet.

Ostrov, J., Gentile, D. A., & Mullins, A. D. (2013). Evaluating the effect of educational media exposure on aggression in early childhood. Journal of Applied Developmental Psychology, 34, 38-44.

Prot, S. & Gentile, D. A. (2014). Applying risk and resilience models to predicting the effects of media violence on development. Advances in Child Development and Behavior, 46, 215-244.

A regra das 5 horas

agosto 2, 2016 § Deixe um comentário

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Aos 10 anos, Benjamin Franklin deixou de lado a educação formal e virou aprendiz do próprio pai. Na adolescência não demonstrava nenhum talento particular – além da paixão pelos livros. Quando morreu, em 1790 aos 84 anos, era um dos estadistas mais respeitados dos EUA, o seu inventor mais famoso (entre outras coisas, inventou o para-raios – usado até hoje), além de autor e pesquisador, com trabalhos nos campos da meteorologia, teoria da eletricidade, demografia, entre outros.

O que aconteceu nesses 74 anos entre um ponto e outro?

Durante toda a sua vida adulta, Ben Franklin investiu consistentemente 1 hora do seu dia, durante os dias úteis, em aprendizado. Esta prática ficou conhecida como “a regra das 5 horas”.  Segundo o escritor Michael Simmons, a rotina de Franklin consistia em algo parecido com o abaixo:

  • Na parte da manhã estudava e escrevia sobre o que havia lido (a tal da 1 hora);
  • Definia metas pessoais de crescimento (as conhecidas 13 virtudes);
  • Se reunia frequentemente com pessoas de interesse similar para troca de ideias e melhores práticas;
  • Transformava suas ideias em experimentos;
  • Criava questões a respeito dos assuntos que estudava para refletir ao longo do dia, quando tinha mais tempo livre.

“A regra das 5 horas” pode ser considerada a “avó” de uma abordagem conhecida como aprendizagem ao longo da vida (ou lifelong learning), que considera que o aprendizado deve ser visto de forma acumulativa e feito de maneira constante e consciente durante toda a vida e não se restringir a um lugar e tempo para adquirir conhecimentos (escola) e a um lugar e tempo para aplicar os conhecimentos adquiridos (local de trabalho).

O que Warren Buffet, Bill Gates, Elon Musk e Mark Zuckerberg têm em comum (além de serem bilionários)?

Todos são adeptos da aprendizagem ao longo da vida e a fazem basicamente pela leitura. Warren Buffet passa de 5 a 6 horas do seu dia lendo – de jornais a relatórios financeiros e artigos acadêmicos – estimadas 500 páginas. Bill Gates, por sua vez, lê 50 livros por ano. Mark Zuckerberg se desafiou em 2015 a ler 1 livro a cada duas semanas. Elon Musk, segundo seu irmão, constantemente “devorava” dois livros em um dia quando garoto.

Obviamente ninguém precisa (e nem tem tempo) de ficar lendo o dia todo, mas implementar a regrinha do Ben Franklin é extremamente viável. Outro ponto que vale tocar é o fato da leitura ser a forma principal de aprendizado escolhida dos exemplos citados (inclusive do próprio Franklin). É a mais fácil de ser implementada (não é necessário nenhum equipamento especial – a não ser que se queira), livros, revistas e artigos impressos podem ser carregados sem muita dificuldade. Podem também serem lidos em horários variados, inclusive aqueles em que não se tem muito o que fazer – como a ida e volta do trabalho (se for de transporte público, claro). Além de permitir um aprofundamento maior dos assuntos estudados.

De qualquer maneira, uma coisa é essencial para colocá-la em prática: arrumar um tempo livre. Não tem jeito, este é o primeiro passo e o mais importante. É claro que meia hora é melhor do que nenhuma hora, mas é interessante focar nos 60 minutos por uma questão de conveniência – se dormimos 8 horas (pelo menos é o sugerido), 1 hora por dia representa 1/16 do tempo que ficamos acordados. Se trabalhamos alegadas 8 horas (alegadas pela CLT, pelo menos), 1 hora representa 1/8 do tempo fora do trabalho. Não é pouco, mas também não é muito.

Para melhor aproveitar este tempo, aí vão algumas dicas:

Planeje o aprendizado: pense cuidadosamente no que quer aprender. O que ajuda nessa hora é pensar no que se quer realizar com o aprendizado, definir as metas daí é “um pulo”.

Prática deliberada: ao invés de fazer as coisas de maneira automática, aplique os princípios da prática deliberada. Atividades como procurar um feedback honesto a respeito do que você sabe e colocar em pratica habilidades específicas que quer desenvolver ajudam na retenção do conhecimento.

Ruminação: o nome não é muito bonito, mas o sentido é ficar “matutando” o que aprendeu, pensando em suas perspectivas e assimilando seu contexto. Alguns compositores, como Tchaikovsky e Beethoven adoravam dar caminhadas. Steve Jobs também era fã da prática. Na verdade, a ruminação pode ser feita em qualquer lugar, ela acontece na sua cabeça – o que é necessário é estimulá-la conscientemente.

Separe um tempo para o aprendizado: sei que venho dizendo no decorrer do texto, mas vale repetir. Recomendo a leitura, mas pode ser feito de outras formas: conversando, assistindo vídeos, observando outros e, claro, frequentando aulas.

Resolva problemas assim que surgirem: muitos costumam “jogar pra debaixo do tapete” quando surge algum problema no aprendizado. Não faça isto. Não adianta passar para outro assunto, se você não entendeu o anterior. Mesmo porque probleminhas viram problemões se deixados de lado.

Experimente o que aprendeu: mesmo que não dê certo a princípio ou seja um pouco complicado, tente colocar em prática o que for aprendendo. Praticar é um dos melhores modos de testar uma ideia e aprender com seus resultados.

Uma das consequências da aprendizagem ao longo da vida é o estímulo ao autoaprendizado. Em um mundo em que o conhecimento (e sua produção) é um ativo valioso, depender apenas de aprendizado formal ou informal para adquiri-lo é arriscado – mesmo porque se formos pagar para alguém ensinar tudo o que temos que aprender, muito provavelmente não teremos recursos suficientes para tal. Encontrar formas de estimular a metacognição é francamente um dos maiores presentes que podemos nos dar.

Criar, aprender e se fazer as perguntas certas

julho 21, 2016 § Deixe um comentário

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Criar é tão antigo quanto aprender. De ferramentas de pedra a desenhos nas cavernas, a criação humana se confunde com a própria atividade da nossa espécie. Podemos afirmar, com pouca dúvida, que “está em nosso sangue”. Por que então nosso sistema educacional – com raras exceções – se preocupa tanto com o conceito, muitas vezes em detrimento da própria aplicação prática? Talvez a resposta esteja em nossas próprias diretrizes educacionais.

A Lei 9.394/1996, também conhecida como “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, estipula em seu artigo 32 os objetivos do ensino fundamental, que se inicia aos 6 anos de idade e tem duração de 9 anos. Como é um pouco longo, sugiro que quem tiver interesse de lê-lo na íntegra, baixe gratuitamente o livro “Legislação Brasileira sobre Educação”, editado pela Câmara dos Deputados. De qualquer forma, um pequeno resumo se faz necessário: temos como objetivos desenvolver a capacidade de aprendizado (leitura, escrita e cálculo como elementos para tal) e de aprendizagem (conhecimento, habilidades, atitudes e valores), a compreensão do ambiente da sociedade e o fortalecimento dos vínculos sociais. Com exceção de uma referência tímida ao desenvolvimento de habilidades (que está ligada à implementação), a maior parte dos objetivos do sistema educacional brasileiro está ligado diretamente à conceptualização (tanto no aprendizado quanto na socialização). Para facilitar o entendimento, dou como exemplo o ensino de literatura. Muito provavelmente, se estivermos aprendendo literatura, seremos orientados a ler determinados livros e nosso entendimento da narrativa literária será avaliado por meio da nossa capacidade de conceptualização dela (redação, prova, etc.). Dificilmente seremos instigados a “implementar” a narrativa, por meio da encenação de uma peça, por exemplo.

Pensadores educacionais como Johann Pestalozzi, Maria Montessori, Seymour Papert –  além dos nossos próprios Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro –  ajudaram a pavimentar o caminho alternativo do que vem sendo chamado atualmente de “maker movement”  (movimento criador ou fabricante), salientando a importância da aprendizagem significativamente centrada na implementação prática do conhecimento. Ao invés de verem a aprendizagem como a transmissão de conhecimentos de professor para aluno, esses pensadores abraçaram a ideia de que os seres-humanos aprendem melhor quando encorajados a descobrir, reproduzir e experimentar.

No coração do “movimento”, está a crença de que todos os alunos são criadores. Em vez de apenas receberem materiais que estimulem a memorização para testes, os aprendizes são incentivados a usar o que sabem para projetar e construir, seja utilizando objetos do cotidiano para explorar a tecnologia ou usando uma impressora 3D para construir uma prótese mecânica para uma criança. Colocar a “mão na massa” tem um papel fundamental nesse processo, tanto que o local de aprendizado se parece mais com uma oficina do que com uma sala de aula. Apostilas ou livros didáticos são mais propensos a serem utilizados como referência – uma ferramenta para ajudar os alunos a experimentarem e construírem – ao contrário das aulas tradicionais, onde memorizar o livro muitas vezes é o próprio objetivo.

Um dos métodos mais utilizados nesta metodologia é o project-based learning (aprendizado baseado em projetos), que abordei em outros textos (quem se interessar, um link compilatório). O citei apenas como referência, o que gostaria realmente de abordar a seguir é a mentalidade envolvida no processo. Mais do que ferramentas ou tecnologia, a metodologia incentiva o aprendiz a formular as próprias perguntas e perseguir as respostas de forma orgânica. Em contraste com a abordagem da “única resposta correta”, a mentalidade envolve a busca de maneiras de se aproximar dela através da experimentação e a “jogar” com as possíveis resoluções dos problemas. Os erros são entendidos como parte da aprendizagem, uma vez que incentivam os aprendizes a ultrapassarem os limites das suas capacidades atuais. Como todo bom cientista entende, cada erro cometido é uma oportunidade de incorporar o que foi aprendido com ele e a testar uma nova maneira de resolver os desafios – muitos deles, nem previstos anteriormente. Em uma cultura educacional que coloca um enfoque excessivo em provas conceituais, há um alto risco de se formar adultos focados em encontrar as “respostas certas”, quando deveriam pensar prioritariamente nas “perguntas certas”.

O questionamento é uma forma poderosa de aprendizagem. Barron e Darling-Hammond, em pesquisa publicada em 2008, mostram que os alunos aprendem de maneira mais profunda quando têm a oportunidade de aplicar conhecimentos adquiridos em sala de aula nos problemas do mundo real. Fazer perguntas fornece contexto, que por sua vez, ajuda a reforçar a aprendizagem.  Isto acontece, porque desta forma quem aprende é estimulado a transferir a sua aprendizagem para novos tipos de situações, incluindo aquelas que ocorrem fora da sala de aula.

Como a maioria de nós, fui criado em um modelo educacional que estimula a conceptualização excessiva e tive muita dificuldade em colocar “na vida real” o que aprendi no colégio e na faculdade. Felizmente, encontrei em minha vida profissional pessoas que me incentivaram a pensar em formas de aplicar o que sabia e tiveram a paciência de não me demitir quando algo não saia como deveria. Confesso que tive sorte e que esta não é a realidade da maioria, portanto o quanto antes se comece a incentivar a aplicação do conhecimento, melhor para a sociedade.

Para melhor fluidez do texto, evitei colocar as referências acadêmicas do “maker movement”. Corrijo isto, compartilhando a bibliografia logo abaixo para quem tiver interesse em explorar mais a metodologia.

Bibliografia

Antigas formas de aprender

julho 11, 2016 § 4 Comentários

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Antes da calculadora científica, da HP12C e do Excel, se usava o ábaco. É um antigo instrumento, formado por uma moldura com bastões ou arames paralelos, dispostos no sentido vertical, cada um deles correspondendo a uma posição digital – unidade, dezena, milhar e por aí vai. Durante milênios, ensinou seres-humanos em diferentes partes do mundo a calcular. Era um equipamento verdadeiramente universal (em uma época em que se chegar a qualquer canto do mundo levava, literalmente, anos. Surpreendentemente, o ábaco sobreviveu como calculadora até o início do século XXI – a China, o último país a removê-lo do seu currículo escolar, o fez somente em 2001.

Em 2010, a pesquisadora Chen Feiyan e seus colegas do departamento de física da Universidade de Zhejiang, conduziram uma pesquisa com estudantes de 200 colégios para medir se o ábaco fazia falta ou não. Descobriu que aqueles que sabiam utilizá-lo, tiravam notas mais altas.

Apesar do pouco uso do ábaco na sociedade moderna, algumas instituições de ensino chinesas, como o grupo Shenmo, decidiram reintroduzir o ensino do instrumento, oferecendo cursos específicos ligados ao currículo de aritmética. A sua “força” está em ajudar quem o usa, a “visualizar” problemas abstratos. Ao aproximá-los do nosso “mundo de carne e osso” por meio de um instrumento físico, o ábaco facilita a compreensão do seu conceito e, em um segundo momento, a sua abstração em nosso cérebro (para um melhor entendimento de como as diferentes regiões do cérebro influenciam no aprendizado, recomendo uma visita ao Brain Map, página interativa da organização OpenColleges).

Em um ensaio publicado na revista “The American Scholar” em 2008, o especialista em literatura, Ernest Blum, chama a atenção para o fato de que “o número de palavras necessárias para ler livros em uma língua estrangeira, excede em vários múltiplos, a quantidade de vocabulário adquirido pela maioria dos estudantes desta língua estrangeira”. Segundo Blum, essa enorme lacuna de vocabulário explica porque, mesmo após anos de curso, muitos ainda dependam fortemente de dicionários e traduções para compreenderem textos em outro idioma.

Blum defende a volta de um método, bastante utilizado nas idades antiga e média para o aprendizado de latim e grego, chamado de tradução das entrelinhas (também é conhecido como tradução interlinear). Neste método, o foco do estudo é o texto e não a gramático.  Palavras, frases e parágrafos são “dissecados” para a compreensão do seu sentido. Outro fã do método, é o professor de história da renascença da Universidade de Leeds, Robert Black, que estudou cerca de 300 “livros didáticos” utilizados em Florença entre os séculos XII e XV, e descobriu que a tradução das entrelinhas fornecia sinônimos, explicava a ordem das palavras e a gramática em termos “modernos” (modernos para a época), destrinchava as figuras de linguagem e suplementava palavras “sem tradução”, as substituindo pelo seu sentido.

Houve uma “tentativa” de reintroduzir o método ao aprendizado de línguas por volta do século XIX, mas foi rejeitado pelos gramáticos da época, que argumentavam que focar no sentido do texto, desconsiderava a gramática e a composição. Para eles, o sentido deveria ser suplementado pelo próprio estudante, com a ajuda de um dicionário.

O exemplo do ábaco e do método da tradução das entrelinhas, mostra que o que é antigo nem sempre é desatualizado. Há muita tentação em simplesmente substituir algo “velho” por uma nova tecnologia (ou modelo), mas a verdade é que o novo, deve ser encarado como uma adição e não substituição. Desta forma, é possível preservar o que comprovadamente dá resultado (e passou pelo “teste do tempo”) e estimular a introdução de novas práticas que, somadas às antigas, efetivamente vão colaborar para o enriquecimento do aprendizado humano.

Uma vila inteira

junho 16, 2016 § Deixe um comentário

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Por algum motivo, decidimos que em nossa sociedade – e de quebra, em nossas instituições educacionais – conversar a respeito de diversidade, preconceito, discriminação e desigualdade com crianças, só quando estiverem mais crescidinhas (o que varia de acordo com a percepção de cada um). Geralmente pensamos que crianças pequenas teriam mais dificuldade em entender estes assuntos complexos ou então somos movidos pelo desejo de poupá-las da exposição às injustiças o máximo possível (embora nem sempre seja possível). No entanto, crianças têm uma forte consciência em relação à justiça e notam diferenças sem desculpas ou desconforto.

A psicóloga Kristina Olson, em um texto publicado em 2013 no site Psychology Today, nota que por volta dos 2 ou 3 anos de idade começamos a ter consciência de que meninos e meninas possuem algumas diferenças e a notar deficiências físicas mais aparentes. Também começamos a ficar mais curiosos a respeito da cor da pele e da textura dos diferentes tipos de cabelos. Alguns de nós, inclusive, já podemos ter ciência da própria identidade étnica. De qualquer forma, aos 5 anos já nos identificamos com o grupo étnico a que pertencemos e somos capazes de explorar a gama de diferenças dentro e entre diferentes grupos étnicos.

Em termos de preconceitos, conforme sugere uma pesquisa de Harvard, noticiada pelo jornal Boston Globe em 2012, crianças de 3 anos quando expostas a preconceito e racismo, tendem a aceitá-los, embora ainda nem compreendam o sentimento. O já citado texto da Dra. Olson, nos traz ainda a informação de que crianças brancas de 3 e 4 anos dos EUA, Canadá, Austrália e Europa, mostram preferência e se sentem mais à vontade com outras crianças brancas do que com crianças de outras etnias.

A importância de conversar “assuntos sérios” com crianças transcende a questão dos preconceitos raciais, de gênero ou religião. É importante que os adultos tenham a consciência de como agir com as crianças que fazem parte de suas vidas. Perpetuar a ideia na criança de que devemos ser “daltônicos” para diferenças raciais ou a calar quando percebe alguém com uma deficiência física, não é a melhor opção. É preciso incentivá-la a notar diferenças (mesmo porque ela já o faz naturalmente), mas ao mesmo tempo, honrar as identidades das pessoas sem julgar ou discriminar com base nessas diferenças.

Sei que não é fácil, muitas vezes nós adultos temos certos desconfortos em falar de diferenças – nem sempre por preconceito, mas muito por receio de parecer tendencioso ou mesmo discriminador. Mas há alguns caminhos que podem facilitar esse trabalho e quem sabe, tornar o mundo um lugar mais seguro de se viver no futuro (escrevo este texto sob o impacto do horror dos acontecimentos em Orlando). Vamos a eles:

  1. Use a literatura como seu “cobertor”

Há uma enormidade de riqueza nos livros infantis, que pode ser usada para abordar o tema do preconceito, diversidade e justiça social. Há diferentes narrativas que trazem histórias sobre pessoas que são diferentes das suas crianças (em pedagogia, são conhecidos como livros de janela), narrativas para afirmar sua identidade (chamados de livros espelho) ou aquelas que expõem o preconceito ou compartilham histórias de pessoas que se levantaram contra injustiças. A leitura de livros, embora muito esquecida hoje, é uma parte essencial na formação do pequeno ser-humano e, portanto, uma maneira perfeita para abordar o tema. Como exemplo, sugiro o site da Anti-Defamation League, uma organização judaica criada em 1913 para combater o antissemitismo. Quem souber de organizações em língua portuguesa que promovam a conscientização através da leitura, por favor compartilhe.

  1. Use as notícias do dia a dia como temas

Vivemos no mundo da informação. Há inúmeras fontes delas, em diferentes plataformas. Não é difícil encontrar reportagens relevantes que destaquem abordagens preconceituosas ou mostrem alguém que se levantou contra uma injustiça e prevaleceu. Muhammad Ali, que faleceu no início do mês, pode ser um bom exemplo para comentar a respeito, tanto em relação aos seus pontos fortes (defesa da igualdade racial e religiosa), quanto suas falhas (como no tratamento que deu ao adversário Joe Frazier).

  1. Dê exemplos familiares

Tire vantagem do interesse das crianças em livros, programas de TV, brinquedos e jogos eletrônicos e os use como oportunidades para explorar a diversidade, preconceito e noções de justiça. A ideia aqui é estar atento ao que pode fornecer abertura para relacionar a realidade delas com a da sociedade em que vivem.

  1. Explore problemas e soluções

Ajude suas crianças a repensarem conceitos para explorarem possíveis soluções mais adiante. Por exemplo, o conceito “ajudar os outros” pode ser uma boa ponte para incluir discussões sobre desigualdades, o que contribui para o problema e que ações se pode considerar para resolvê-lo. Se você acha que são temas difíceis de se “trabalhar”, dê uma olhada no livro “Comprehension and Collaboration”, dos autores Stephanie Harvey e Harvey Daniels. Lá existem dicas excelentes de como combinar pesquisa, organização do pensamento e colaboração em grupo e aplicar consistentemente no processo de aprendizado de crianças.

Por fim, creio que a dica principal é começar cedo. Sei que criar um ser-humano não é tarefa fácil. Tem sempre alguém que acha que sabe mais do que os próprios pais e é muito conveniente ficar dando dica quando não se tem que dar banho, comida, levar para a escola, buscar, etc. Mas como diz um provérbio africano, “é necessária uma vila inteira para educar uma criança”. Esta é a singela contribuição de um morador.

O efeito Facebook e a diversidade

junho 6, 2016 § Deixe um comentário

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Há alguns anos comprei um boné do time de baseball New York Yankees na loja virtual do clube.  Nos meses seguintes, toda vez que navegava pela internet, os Yankees estavam ao meu encalço no canto da tela do navegador. Era um bastão assinado pelo Derek Jeter, um anel, uma toalha, camisas mil. Havia sido classificado e recebido um perfil: fã dos Yankees.

O mesmo acontece com os livros que compramos, sites que visitamos, música que ouvimos, filmes que assistimos e ideias que apoiamos. Tudo o que fazemos na rede é reforçado e validado, nunca desafiado. Esta é a realidade ao usarmos a rede social, em particular e a internet, em geral. Os algoritmos usados para analisar nosso comportamento buscam personalizar e customizar nossos gostos e não os contestar.

No final da década de 1980 e início da de 1990, a marca de roupas Benetton usava como slogan a frase “United Colors of Benetton”, em que pregava a diversidade. Hoje, as “cores” propagandeadas pelo nosso comportamento reduziram o interesse de boa parte dos usuários do ciberespaço a um tom apenas. O psicólogo Jonathan Haidt, autor de um excelente estudo a respeito de uma das mais antigas características da sociedade, o tribalismo (o estudo foi publicado no livro The Righteus Mind”) chama o processo de exacerbação desta característica de “Efeito Facebook” – “Facebook Effect” no original.

Ao se tomar consciência deste processo, vem a inevitável questão: como se livrar desta armadilha online?

O jornalista Marc Dunkelman, em seu interessante livro “The Vanishing Neighbor”, explora a interatividade social e seus efeitos em como, com quem e com que frequência nos comunicamos. Utilizando uma metáfora baseada na classificação dos anéis de Saturno (o planeta possui um complexo sistema de anéis, divididos em 3 níveis – interno, mediano e externo), o autor os relaciona com a proximidade dos relacionamentos de um indivíduo: o “anel interno” seria formado por aqueles como quem temos mais proximidade e os “anéis” “medianos” e “externos” representando conhecidos menos familiares e casuais. Dunkelman documenta uma dramática mudança cultural, onde a maior atenção dispensada por uma pessoa é dada aos membros dos “anéis” “internos” e “externos” em detrimento dos relacionamentos do nível mediano – aqueles com quem temos mais ou menos intimidade, mas que formam a maior variedade dos nossos conhecidos. Esta mudança atinge diretamente o que se convencionou chamar de “networking”, enfraquecendo a rede de contatos de uma pessoa e criando uma linha divisória que intensifica a polarização, uma vez que nos comunicamos mais com quem temos afinidade – os “internos” e com quem conhecemos apenas casualmente – os “externos” (as “conexões” ou “seguidores” das redes sociais). Como consequência, acabamos convivendo em um ambiente mais homogêneo e menos desafiador intelectualmente.

Bom, se a internet está desenhada a entregar mais do mesmo (qualquer que seja o mesmo), para se ter acesso à sua inesgotável diversidade, é necessário variar. Quanto mais abranger os seus interesses, mais possibilidade a pessoa tem de entrar em contato com ideias diferentes, trocar experiências (fortalecendo relacionamentos do nível mediano) e aumentar suas referências (facilitando a conexão do conhecimento).

O desafio que se coloca vai além de um feed não equilibrado de notícias ou do algoritmo de algum site. Trata-se de combater um tribalismo que existe há tanto tempo quanto a humanidade e que agora tem se enraizado no solo fértil da internet – o tornando nem tão fértil assim. Inovação vem da diversidade de ideias e do conhecimento que elas geram. Entrar em contato com elas, é responsabilidade de cada um individualmente. Uma frase que ouvi há vários anos marcou minha relação com a diversidade e com o conhecimento como um todo: “é preciso ter a consciência de que Shakespeare não virá até você, você é que precisa ir até ele”.

 

A programação é a nova alfabetização

maio 17, 2016 § Deixe um comentário

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Este mês, completa um ano que comecei a programar. Meu início foi com uma das linguagens mais populares, Ruby, em um ambiente de desenvolvimento online chamado Cloud9. Nestes 12 meses, passei por outras linguagens (Python, outra preferida dos programadores) e montei meu próprio ambiente de programação local (quer dizer, em meu computador). Hoje estou “envolvido” com a linguagem R (é uma linguagem de programação estatística, usada bastante em Data Science).

Neste “meio tempo”, “devorei” o que encontrei pela frente em termos de conceitos, referências (livros, vídeos e pessoas) e filosofias para definir o meu próprio entendimento sobre o assunto. Quem se interessar, ou invés de começar por algum livro, manual técnico ou então por raciocínio lógico e lógica de programação, sugiro se inteirar em relação às filosofias que envolvem a programação computacional. Um livrinho bem bacana neste sentido é o do autor Douglas Rushkoff, professor de teoria da economia digital da City University of New York, “Program or Be Programmed”.

Quando se diz que a programação é a nova alfabetização, não se está insinuando que ela deva substituir o que chamamos de alfabetização hoje, mas sim se incluir no conceito. Não se engane, alfabetização é um conceito, que envolve as habilidades básicas que todo ser-humano deveria dominar para se inserir na sua sociedade.

Este conceito vem sendo desenvolvido desde o século XII, quando a habilidade da leitura começou a ganhar importância. No século XVI, recebeu a companhia da escrita e criou a base do modelo mental que temos de alfabetização. Mas como todo conceito, evolui. No século XVIII recebeu a adição da aritmética e no século XX, a da habilitação automotiva (sim, a carteira de motorista tem este status em boa parte dos países do mundo). No século XXI, chegou a vez da programação computacional ser incluída neste entendimento.

John McCarthy, o inventor da linguagem Lisp e a pessoa que cunhou o termo “Inteligência Artificial”, dizia que uma pessoa deveria aprender a programar para poder “falar com os servos”. Apesar do termo politicamente incorreto, McCarthy se referia ao fato de cada vez mais os seres-humanos gerenciarem máquinas (os “servos”) e as máquinas, ainda hoje, só conseguem fazer o seu trabalho se o ser-humano disser, especificamente, o que e como elas devem fazer. É preciso dar instruções claras. A maneira de se fazer isto, é pela programação computacional.

Desta forma, programar não é mais uma habilidade-nicho (que apenas uma determinada profissão conhece), é uma habilidade essencial para qualquer pessoa com ambição em obter sucesso. É tão importante, que várias organizações se propõe a ensinar programação básica de graça. CodeAcademy, edX e Free Code Camp são alguns exemplos. Vários cursos básicos já são oferecidos em português, graças ao trabalho voluntário de algumas pessoas, mas a maioria dos gratuitos ainda é em inglês.

É claro que aprender a programar não é simples. Há inúmeras dificuldades – principalmente se quem estiver aprendendo já vier com uma baixa formação em matemática e raciocínio lógico – mas se alfabetizar não é simples. É sabido que algumas condições podem se somar aos obstáculos comuns que todo aprendizado traz, por exemplo, dislexia dificulta o aprendizado da leitura e discalculia torna o aprendizado matemático muito mais penoso. Mas é importante deixar claro, que é cada vez mais consenso entre educadores e cientistas cognitivos, que qualquer pessoa que esteja no domínio de suas faculdades mentais, pode aprender a programar – assim como pode aprender a ler, a escrever, a fazer conta e a dirigir. A Khan Academy disponibiliza um vídeo sobre a importância de se manter uma mentalidade de crescimento, essencial para aprender qualquer coisa.

Não se propõe que todo mundo vire desenvolvedor de softwares. O fato de alguém aprender a escrever, por exemplo, não significa que a pessoa se tornará uma escritora ou alguém que aprenda aritmética se tornará um matemático profissional. Mas todos que sabem escrever ou conhecem aritmética, se tornam mais habilidosos para caminharem pelas próprias pernas na “luta” pelo pão de cada dia.

Minha experiência neste último ano me mostrou coisas novas, coisas que havia esquecido e principalmente, me possibilitou começar a desenvolver uma habilidade que nunca considerei que pudesse me trazer tanto conhecimento. Meu conselho é: aprenda a programar, aprenda a falar com as máquinas, você não vai se arrepender.

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