Robert Gagné e os 9 passos – parte 1

abril 24, 2015 § Deixe um comentário

Nos anos 1980, depois de décadas de estudo, o especialista em educação Robert Gagné, uma das referências quando o assunto é design instrucional, montou o conceito dos 9 passos da instrução. De lá para cá, os 9 passos têm sido utilizados para direcionar o planejamento de uma gama enorme de ações educacionais, comprovando a força do conceito. Falando em força, a razão pela qual os 9 passos terem passado no “teste do tempo” está no fato de serem baseados na maior expertise do Gagné, o funcionamento do aprendizado.

Sempre acho que a melhor forma de tangibilizar um conceito é entendendo como ele pode ser aplicado na prática. Como o post anterior foi a respeito de EAD, proponho discorrer um pouco como os 9 passos podem ser aplicados em uma das maiores vertentes de EAD atualmente, o e-learning.

Passo 1: Ganhar atenção

Ganhar atenção é essencial em qualquer ação (seja educacional, de comunicação ou qualquer uma que lhe venha à mente). A não ser que consigamos “agarrar” a mente do aprendiz, ele não vai tirar muito da experiência, mesmo que seja obrigado a ficar até ao final dela. Em e-learning, para ganhar a atenção desde o início, a dica é não fazer uma abertura muito formal. Inconscientemente, somos levados a acreditar que a abertura de qualquer curso é um preâmbulo do restante dele. Contar uma história ou apresentar uma animação interessante, é um bom modo de deixar a abertura mais informal e de quebra, o aprendiz interessado no que vem por aí.

Passo 2: Informar o objetivo do aprendizado

É importante direcionar as expectativas, responder o porque de se estar ali e o ganho que se terá com o e-learning. Esses objetivos devem ser concisos, tente apresentar no máximo 5 resumidos. A ideia é gerar um checklist para o aprendiz poder avaliar (muitas vezes mentalmente), no decorrer do curso, se estão sendo atingidos.

Passo 3: Relembre o conteúdo já passado

O passo se relaciona com a construção da conexão entre o que o aprendiz já sabe e o que ele irá adicionar a este conhecimento. Uma dica aqui é criar “mapas mentais” e gráficos que ilustrem como o e-learning está “ligando os pontos” daquele conteúdo e ajudá-lo a perceber o gap entre o nível de conhecimento atual e o desejado.

Passo 4: Apresentação do material

Gangné chamava esse passo de “estratégia efetiva de conteúdo”. Se referia dessa maneira porque para ele, o conteúdo deveria ter uma aplicação efetiva (o que também ajuda a demonstrar a sua relevância). Além de utilizar uma variedade de recursos para disponibilizar o conteúdo, organizar a informação em pequenos pedaços ajuda a repassá-la de maneira lógica. Aqui vale outra dica (agora, do que não fazer): não bombardeie o material com muita informação ou muitos elementos interativos. Isto causa o que os especialistas chamam de “sobrecarga cognitiva”. Em e-learning, o aprendiz deve ter a sensação de controle do aprendizado e não de que está no meio de uma rave.

Passo 5: Orientar o aprendizado

E-learning é menos ensino e mais orientação e direcionamento. Usando técnicas como mnemônicos, estudos de caso, storyboards, analogias e aprendizagem por observação, é possível auxiliar o aprendizado e o entendimento do conteúdo trabalhado no passo 4. Lembre-se, o que o Gangné queria com o passo 5 era que se fornecesse conscientemente formas de auxílio aos participantes, que os ajudassem a “aprender a aprender” e a reter melhor a informação.

No próximo post, abordarei o restante dos passos (6 a 9). Até lá!

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