Educação no ar – parte 1
maio 14, 2015 § 1 comentário
Esse foi o nome da conferência focada em educação organizada pela Google, que aconteceu nos dias 08 e 09 de maio. Foram 2 dias de muito debate e compartilhamento de cases, envolvendo o tema educação. O nome da conferência, no original “Education on air”, faz mais sentido quando se sabe que ela aconteceu inteiramente online, o que não diminuiu em nada a intensidade dos trabalhos, apesar dos diferentes fusos horários envolvidos.
Me juntei à participantes e conferencistas de toda a parte do mundo, principalmente dos EUA, Canadá, Reino Unido, Austrália, Índia (os países de língua inglesa compareceram massivamente), mas também da Finlândia, Filipinas e México, dentre outros. No primeiro dia, as discussões tiveram um viés mais conceitual, em que foram debatidas teorias, métodos educacionais, papel da comunidade e governo e analisados casos. O segundo dia, apesar de igualmente interessante, foi mais voltado ao uso educacional das ferramentas do Google (como dizem os americanos, “não existe almoço grátis”). Pretendo compartilhar nesse e nos próximos 2 posts o que vi de mais interessante nas sessões que tomei parte.
1. Quais são as habilidades do futuro?
Esse foi o tema que tomou a maior parte do primeiro dia. Apesar de cada um ter sua própria opinião (principalmente os especialistas), duas delas foram bastante citadas e me chamaram a atenção pelas consequências envolvidas.
A primeira é a programação, ou usando o nome moderno, “coding”. Para falar a verdade, comecei a refletir na necessidade do coding como habilidade há 2 anos, em um curso que tomei parte no MIT (se chamava “learning creative learning”). O mote na ocasião, era de que o mundo estava se tornando cada vez mais digital e não entender de programação seria como saber ler, mas não escrever, ou seja, sua participação ficaria restrita, como ator passivo, apenas “consumindo” o que é criado por outros. Essa abordagem continua válida, mas acrescenta-se outra, que é a interdisciplinariedade que o coding permite.
Recentemente a Finlândia mudou o seu currículo educacional e a sua experiência vem sendo acompanhada com interesse pelo restante do mundo, por ser um caminho para o tipo de sistema educacional que se pensa adequado à realidade do século XXI. Em primeiro lugar, reduziram as disciplinas ensinadas e focaram na integração das disciplinas antigas em novas. Por exemplo, a de coding envolve matemática, geometria, biologia e robótica. Integrar mais as áreas de conhecimento pode ser a solução para a questão do tempo restrito que se tem para “ensinar” tudo que os currículos educacionais consideram importante.
A segunda habilidade foi a resolução de problemas. Se debateu muito sobre a necessidade dos sistemas educacionais formarem indivíduos que tenham realmente a capacidade de identificar uma necessidade ou problema e propor soluções para ele. A habilidade de resolução de problemas envolve outras como flexibilidade, capacidade de adaptação e de colaboração. Como bem colocado por um dos conferencistas, lord David Puttnam, produtor de filmes como “Carruagens de Fogo” e “A Missão”, “não vivemos mais em uma sociedade mediana”. Há 60, 50 anos era possível viver muito bem sendo um profissional mediano, hoje a norma é a excelência. São poucos os que conseguem alcançar a excelência por conta própria, por isso, para sermos excelentes de fato, temos que ser cada vez mais colaborativos e trabalhar em conjunto para que os resultados alcançados estejam dentro do “padrão excelência”.
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