Educação no ar – parte 2
maio 18, 2015 § 1 comentário
2. Project-based learning
Foi o método educacional mais debatido durante as conferências. Um dos motivos é o fato da maioria dos participantes do evento serem de língua inglesa e esses países são muito influenciados pelo trabalho do John Dewey (já o citei em posts anteriores). John Dewey representa para eles o que Paulo Freire e Darcy Ribeiro representam para nós, brasileiros, um patrono educacional.
O enfoque do John Dewey estava ligado à ideia de que o sistema educacional deveria ser centrado no aluno e no provimento de experiências de aprendizagem, como forma de ligar o aluno ao seu meio social. Aqui no Brasil esse enfoque ficou conhecido como Escolanovista ou Progressista. Project-based learning nada mais é do que a releitura atual das ideias de Dewey e tem o objetivo de provocar o aprendizado por meio da experiência gerada pelo desenvolvimento de projetos. Para tangibilizar o conceito, vou compartilhar alguns casos apresentados.
Uma escola em San Diego, na Califórnia, precisava reformar a biblioteca. Organizou então um projeto com os alunos para levantar o dinheiro, que envolvia a abertura de um Food Truck. Os alunos tiveram que se organizar e tocar o projeto, levantando desde as licenças necessárias na prefeitura, até resolver como o Food Truck seria adquirido e administrar o negócio. Durante o projeto, tiveram que desenvolver habilidades como empreendedorismo, negociação, matemática financeira, contabilidade, culinária, dentre outras (olha a interdisciplinariedade aí, na prática).
Há 3 anos, uma adolescente, Brittany Wenger (na época com 17 anos), ficou muito abalada com o câncer de mama desenvolvido por uma prima. A partir daí, quis saber mais a respeito da doença e começou a trabalhar com o seu professor de biologia para aprender tudo o que pudesse sobre o câncer e o funcionamento do seio feminino. A medida que seu conhecimento sobre o assunto aumentava, deu início a um “projeto” pessoal, queria desenvolver uma ferramenta que ajudasse na identificação do câncer de mama. Foi estudar programação no próprio colégio e desenvolveu um aplicativo chamado “cloud4cancer” que ajuda a determinar se a massa encontrada no seio, em um exame do toque, é maligna ou benigna, por meio de um algorítimo que analisa os padrões da imagem em todos os bancos de dados públicos disponíveis nos EUA sobre o assunto. Acuracidade da resposta bate a casa dos 99%. Brittany, hoje com 20 anos, cursa a faculdade de programação.
O Project-based learning permite que se coloque em prática uma dica dada pelo Laszlo Bock, que é o Diretor de RH da Google (ou como eles chamam por lá, Google’s People Chief). Ele disse, “don’t trust your guts”, algo como “não confie nos seus instintos”, a frase, colocada no contexto correto, significa que não devemos nos basear no “achômetro”, é preciso praticar e testar para saber se uma ideia vai dar certo, ou seja, ter experiência.
[…] neste espaço nos últimos meses, em especial coding (como exemplo de integração de disciplinas), project-based learning e empoderamento de alunos e professores (não por acaso temas dos 3 posts da série a respeito da […]