Pesquisas educacionais: top 10 de 2015

dezembro 22, 2015 § 3 Comentários

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Para quem gosta de se manter informado a respeito de práticas educacionais, 2015 foi um ano muito produtivo. Inúmeras pesquisas educacionais foram publicadas, muitas delas ajudando inclusive a direcionar reformas amplas na área (casos na Finlândia e Índia).

Abaixo, um apanhado de 10 delas (um agradecimento especial a Youki Terada – colaborador do site Edutopia – pela compilação):

  1. Salas de aula bem projetadas impulsionam o aprendizado: o espaço físico aonde se realiza o aprendizado influencia enormemente na forma como ele acontece. Um estudo em 27 escolas na Inglaterra, mostrou que a melhoria do aspecto físico de uma sala de aula, incluindo iluminação, layout e decoração, pode melhorar o desempenho acadêmico em até 16%.

Referência: Barrett, P. S., Zhang, Y., Davies, F., & Barrett, L. C. (2015). Clever Classrooms: Summary report of the HEAD project. University of Salford, Manchester.

  1. Os benefícios da gentileza, do Jardim de Infância à Idade Adulta: a gentileza faz a diferença. Comprovando o que dizia o “Profeta Gentileza”, um estudo acompanhou 753 crianças de 1991 a 2010 e percebeu que os alunos do jardim de infância que compartilham, ajudam e mostram empatia pelos outros são mais propensos a ter sucesso pessoal, educacional e profissional quando adultos.

Referência: Jones, D. E., Greenberg, M., Crowley, M. (2015). Early social-emotional functioning and public health: The relationship between kindergarten social competence and future wellnessAmerican Journal of Public Health, e-View Ahead of Print.

  1. A ciência do aprendizado: nesta excelente revisão de pesquisas que abordam como os alunos aprendem, é apresentado um relatório dividido em seis princípios, trazendo uma lista com referência completa e dicas de ensino. Para quem se interessa pela ciência da cognição, é um “presente de natal” antecipado.

Referência: Deans for Impact (2015). The Science of Learning. Austin, TX: Deans for Impact.

  1. Alunos de baixa renda são maioria: esta é uma tendência mundial e uma questão que as políticas públicas educacionais devem considerar durante seu planejamento. Pode parecer uma obviedade quando consideramos a realidade brasileira, mas é preciso lembrar que desde que os sistemas de educação pública foram montados (na sua maioria durante o século XX), a maior parte dos alunos vinham da classe média. Hoje, 51% deles vem de famílias de baixa renda.

Referência: A New Majority Research Bulletin: Low Income Students Now a Majority in the Nation’s Public Schools

  1. Sesame Street impulsiona aprendizagem de crianças na pré-escola: para os pais preocupados com o que seus filhos assistem na TV, programas com uma “pegada” educativa podem ser um passatempo instrutivo. Lançada há 40 anos, a Sesame Street (creio que aqui no Brasil ficou conhecido como “Vila Sésamo”), é um programa educacional destinado a preparar as crianças para a escola e efetivamente “entrega” o que promete. Examinando dados do censo, os pesquisadores descobriram que crianças que viviam em áreas em que o programa era mais assistido, tinham melhor desempenho escolar.

Referência: Kearney, M. S., & Levine, P. B. (2015). Early Childhood Education by MOOC: Lessons From Sesame Street (No. w21229). National Bureau of Economic Research.

  1. Não passe mais do que 70 minutos de “dever de casa”: o estudo mostrou que para alunos do ensino médio, passar até 70 minutos de lição de casa diária em matemática e ciência é mais benéfico do que passar entre 90-100 minutos. Os alunos que tinham um volume maior de atividades “para casa” e utilizavam mais tempo para resolver suas lições tiveram um declínio no desempenho acadêmico em comparação com os que tinham menos “dever” e precisavam de menos tempo.

Referência: Fernández-Alonso, R., Suárez-Álvarez, J., & Muñiz, J. (2015).Adolescents’ Homework Performance in Mathematics and Science: Personal Factors and Teaching PracticesJournal of Educational Psychology, 107(4), 1075–1085.

  1. Exercícios para melhorar a concentração impulsionam as notas em matemática: exercícios para aprimorar a concentração e o foco, além de melhorar a autoestima, ajudam a impulsionar o aprendizado em matemática. Segundo o estudo, os alunos que participaram de cursos para estimular a concentração e o foco, tiveram um desempenho 15% maior em suas notas de matemática.

Referência: Schonert-Reichl, K. A., Oberle, E., Lawlor, M. S., Abbott, D., Thomson, K., Oberlander, T. F., & Diamond, A. (2015). Enhancing cognitive and social–emotional development through a simple-to-administer mindfulness-based school program for elementary school children: A randomized controlled trialDevelopmental Psychology, 51(1), 52.

  1. Os princípios de psicologia que todo educador deveria saber: como os estudantes pensam e aprendem? A American Psychological Association se fez esta mesma pergunta e se propôs a respondê-la com a ajuda de especialistas de vários ramos da psicologia. Publicou o resultado na forma de 20 princípios que explicam como o comportamento e fatores sociais influenciam o aprendizado.

Referência: American Psychological Association, Coalition for Psychology in Schools and Education. (2015). Top 20 Principles from Psychology for PreK–12 Teaching and Learning.

  1. A neurociência por trás da habilidade em matemática: não é segredo que diversos países ao redor do mundo tem uma política educacional voltada para o desenvolvimento da habilidade matemática – sendo ela uma das habilidades fundamentais para o século XXI, a atitude é coerente com a observação sociológica que indica a mudança de uma sociedade industrial para uma sociedade baseada no conhecimento. Saber como o cérebro desenvolve essa habilidade se torna fundamental para gerar insights a respeito de como estimular assertivamente esse aprendizado.

Referência: Chaddock-Heyman, L., Erickson, K. I., Kienzler, C., King, M., Pontifex, M. B., Raine, L. B., Hillman, C. H., & Kramer, A. F. (2015). The Role of Aerobic Fitness in Cortical Thickness and Mathematics Achievement in Preadolescent ChildrenPLOS ONE, 10(8), e0134115.

  1. Quando os professores atuam em conjunto, a habilidade matemática e de leitura aumenta: ensinar pode até ser um “ato” solitário na prática (1 professor por classe), mas esta não precisa ser a realidade no planejamento da aula. Quando professores atuam em grupo no seu planejamento instrucional, o aprendizado geral tende a ser impulsionado.

Referência: Ronfeldt, M., Farmer, S. O., McQueen, K., & Grissom, J. A. (2015).Teacher Collaboration in Instructional Teams and Student Achievement. American Educational Research Journal, 52(3), 475-514.

Vou dar uma “parada” nestes dias finais do ano para “recarregar a bateria”. Desejo a todos um 2016 com muita energia.

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