Conteúdo aberto
outubro 1, 2015 § Deixe um comentário
Apesar de não ser propriamente uma novidade – o conteúdo aberto está por aí basicamente desde o início da web – o tópico tem recebido uma atenção especial nos últimos anos. Eu mesmo só comecei a me familiarizar com o protocolo Creative Commons há pouco mais (ou menos, perdoem-me a memória) de um ano. De qualquer forma, relativamente recente.
O uso de conteúdo aberto (no original “open content” – a variação “open access” também é usada) facilita um bocado a vida de quem quer se manter atualizado em qualquer área do conhecimento. Se torna um ativo quando associado à habilidade de encontrar, avaliar e colocar em uso uma nova informação. Quando utilizado de maneira contextualizada, vira curadoria digital – uma área de grande crescimento quando se trata da “entrega” de informação.
A vantagem de se “criar” processos para utilizar a “riqueza” disponível pelo conteúdo aberto é particularmente compensadora quando voltada ao aprendizado. Quando comparado com um material didático como a apostila ou o livro-texto – pesados, lentos para atualizar e particularmente caros – os conteúdos Creative Commons tem levado vantagens em algumas áreas, particularmente matemática, história e ciências. Ao ser associado a conceitos como “aprendizado analítico” (no original, “learning analytics”) que combina a análise de dados da interação dos aprendizes em ferramentas educacionais, em especial online, com o direcionamento (ou como se diz atualmente, customização) da experiência de aprendizado, os resultados são elevados exponencialmente.
Acredito que conceitos novos são melhor compreendidos quando podemos observar sua aplicação na prática. Dessa forma, gostaria de compartilhar 3 exemplos do uso do conteúdo aberto, envolvendo as 3 áreas que citei acima.
História: Learn NC (algo como “aprenda Carolina do Norte”) é um programa desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte para compartilhar melhores práticas na utilização de recursos online com os professores deste estado norte-americano. Sua “apostila digital” de história (minha tradução para “digital textbook”) contém uma coleção de fontes, leituras e multimídia que podem ser pesquisados e reorganizados pelos professores para se adequarem à necessidade de aprendizado de cada turma, pode inclusive ser individualizado para cada aluno.
Matemática: o professor James Sousa desenvolveu mais de 3.000 vídeos-tutoriais em seu projeto particular intitulado Mathispower4u abordando assuntos que vão de aritmética à cálculo. Todos licenciados com a atribuição Creative Commons.
Ciências: uma parceria entre a Universidade Bringham Young e a Fundação Hewlett, proporcionou um projeto envolvendo professores de todo o estado de Utah, que se reuniram para criarem juntos “apostilas digitais” gratuitas. O projeto Utah Science Open Educational Resources desenvolveu materiais que abordam temas como biologia, química, física e fenômenos naturais, além de um guia de uso para que os professores possam explorar as “apostilas digitais” em sua totalidade.
A internet é possivelmente uma das maiores “tangibilizações” do conceito “batido” e muitas vezes desprezado da democracia. As possibilidades proporcionadas pelo seu uso dependem muito mais de quem a usa do que de quem “permite” o acesso – mesmo nos locais em que o uso é controlado por governos, é possível “burlar” vigilâncias. Essa foi uma das razões da minha “bronca” em relação à condenação do uso de celulares em sala de aula, que comentei no post anterior. Acredito ser mais válido estimular o uso da internet, mostrando suas reais possibilidades – que vão infinitamente além do acesso a redes sociais – do que tentar “fabricar” qualquer espécie de restrição a ela.
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